terça-feira, 20 de outubro de 2009

Aviação geral se une contra trem-bala

Pilotos e empresas planejam ação em Brasília para impedir que Campo de Marte receba uma das estações do TAV

Comissão formada por pilotos, donos de aeronaves e representantes de cerca de 80 empresas que operam serviços de aviação no aeroporto Campo de Marte (zona norte) vai a Brasília para pedir, em audiência na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que seja escolhido outro local em São Paulo para receber a estação do trem de alta velocidade (TAV) que ligará a capital ao Rio. O governo federal estuda reduzir o aeroporto, quinto mais movimentado do País, a um heliponto - a capital já tem outros 480 -, desativando a pista e liberando o espaço para a estação.

Ontem, duas entidades que representam pilotos e empresas, a Associação dos Concessionários, Empresas Aeronáuticas e Usuários do Campo de Marte (Acecam) e a Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag) realizaram uma reunião na qual ficou definido um plano de mobilização contra a desativação do aeroporto. "Não somos contra o TAV, mas solicitamos uma audiência em caráter de urgência para tentar uma solução política para o Campo de Marte", diz Olavo Vieira, presidente da Acecam. Na semana passada, o próprio ministro da Defesa, Nelson Jobim, declarou que o "futuro de Marte serão os helicópteros".

As associações, que não descartam questionamentos judiciais contra o TAV caso não convençam a ANTT, apontam para o risco de colapso total do mercado caso o aeroporto seja desativado. Segundo as entidades, não há aeroportos, em um raio de 100 km da capital, que possam receber as atividades de aviação geral e executiva. O Campo de Marte também já absorveu todo o movimento de Congonhas, depois que os pousos da aviação geral foram reduzidos de dez para quatro por hora, no máximo, após o acidente com o Airbus A320 da TAM, em 2007. No ano passado, o aeroporto da zona norte teve média de 283 movimentos de pousos e decolagens por dia.

Vieira e o representante da Abag, Ricardo Nogueira, questionam o fato de a ANTT, uma agência de transportes terrestres, estar fazendo gestões sobre o futuro do aeroporto. "É um contrassenso. Aparentemente, temos um inimigo, mas não sabemos direito quem é."

Foi a agência, que mantém aberta até o dia 15 uma consulta pública para receber sugestões sobre o TAV, que divulgou a escolha do Campo de Marte para ser a sede da estação, descartando a opção de construí-la no Terminal da Barra Funda (zona oeste).

A escolha do aeroporto, segundo a ANTT, foi feita por conta do espaço disponível para edifícios e pátio de trens. A proximidade do metrô é bem maior na Barra Funda, mas o espaço disponível seria insuficiente.

Fonte: Estado de SP

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